Síndrome de Cushing em cães, esperança de vida
Uma região do cérebro do cão produz a hormona adrenocorticotrófica (ACTH). Esta hormona ordena às glândulas suprarrenais a produção de cortisol. O síndrome de Cushing ocorre quando um cão produz um excesso de ACTH e, consequentemente, tem um aumento da produção de cortisol.
Sinais clínicos nos cães
- Poliúria
- Polidipsia
- Polifagia
- Distensão abdominal
- Atrofia muscular progressiva
- Redução do nível de atividade
- Letargia
- Arfar
- Alopecia
- Atrofia da derme e diminuição do tecido subcutâneo
- Hiperpigmentação generalizada
- Calcinose cutânea (depósitos de cálcio na derme) na cabeça, dorso ou ventre.
Tipos de Síndrome de Cushing
Independentemente da causa, os sinais clínicos são basicamente os mesmos. É importante identificar o tipo de doença de Cushing porque o tratamento e o prognóstico são diferentes.
Existem três causas:
- Tumor da glândula pituitária: representa 80% dos casos. Tumor localizado na base do cérebro: hipófise. O tumor pode ser benigno ou maligno e faz com que a pituitária produza em excesso uma hormona que estimula as glândulas suprarrenais a produzirem cortisol. Se a atividade da glândula suprarrenal puder ser controlada, muitos cães com esta forma de doença de Cushing podem ter vidas normais durante muitos anos, desde que tomem os seus medicamentos e sejam monitorizados atentamente pelo médico veterinário. O crescimento do tumor pituitário daria ao doente um prognóstico menos favorável.
- Tumor da glândula suprarrenal: 20% dos casos. Tumor (benigno ou maligno) nas glândulas que se encontram na parte superior dos rins, denominadas glândulas suprarrenais. Se o tumor não se tiver disseminado para outros órgãos ou estruturas circundantes, é possível extirpá-lo cirurgicamente (juntamente com a glândula suprarrenal) e curar a doença. Se já se tiver disseminado, a cirurgia pode não ser possível e o prognóstico poderá ser menos favorável.
- Iatrogénico: o excesso de cortisol deve-se à administração em demasia de um glucocorticoide. Pode ser consequência da toma de medicamentos.
Como se diagnostica o síndrome de Cushing?
É necessário um exame minucioso e, muitas vezes, análises laboratoriais. Estes exames podem detetar urina diluída, infeções do trato urinário ou problemas com uma proteína que se encontra principalmente no fígado ou nos ossos, denominada fosfatase alcalina.
Se os resultados mostrarem sinais da doença, procede-se à realização de análises de deteção de hormonas, como:
Teste de estimulação com ACTH: é o mais específico e a sua realização requer apenas uma hora. Mede o funcionamento das glândulas suprarrenais na resposta à hormona ACTH. São recolhidas amostras antes e depois da administração de ACTH.
Teste de supressão da dexametasona a baixas doses: analisa o funcionamento do corpo do cão com uma versão artificial de cortisol, denominada dexametasona. São recolhidas amostras de sangue antes e depois.
Também se analisa o índice de cortisol na urina: creatinina e a resposta da 17-hidroxiprogesterona aos testes de administração de ACTH.
A ecografia abdominal pode ser uma parte valiosa do processo de diagnóstico. Não poderá determinar se um doente tem a doença de Cushing, mas permitirá visualizar as suas glândulas suprarrenais. Isto pode ajudar a determinar o seu tamanho, a presença de qualquer tecido fora do comum e permitir a realização de uma biópsia guiada por ecografia, para estabelecer se o tecido é canceroso.
Esperança de vida para cães com doença de Cushing
Se a doença foi tratada a tempo, a esperança de vida pode ser próxima do normal. Os cães com tumor na glândula suprarrenal têm uma esperança de vida de aproximadamente trinta e seis meses. Com um tratamento bem controlado para a doença de Cushing, que seja causada por um tumor nas glândulas pituitárias, a esperança de vida pode ser de vinte e quatro a trinta meses.