VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg
  • Tempo de leitura: 1 mins

    Pancreatite canina como causa de transtorno gastrointestinal

    Os vómitos e diarreias nos cães são um dos principais motivos para consulta. Os transtornos gastrointestinais devem-se a múltiplas patologias, em função de si, trata-se de um processo agudo e crónico. Neste artigo iremos centrar-nos na pancreatite nos cães como causa de transtornos gastrointestinais.  

    Quer saber mais sobre a Pancreatite nos cães? ↓Descarregue gratis esta Guia de fisiopatologia gastrointestinal do cão e do  gato↓

    Etiologia da pancreatite canina

    pancreatite nos cães deve-se a muitas causas, destacando as seguintes:

    • Causa farmacológica: azatioprina, estrógenos, tetraciclinas ou álcool presente em medicinas humanas.
    • Causa vasculítica: etiologia imunomediada.
    • Causa nutricional: as dietas hiperlipídicas diminuem a resistência das células dos ácinos à tripsina e aumentam a libertação de enzimas pancreáticas com o que se favorece a degradação das células pancreáticas.
    • Causa metabólica: como a hiperlipidemia pela retardação que provoca na microcirculação pancreática, a provocar isquemia.
    • Choque traumático: por isquemia e necrose pancreática que libertam zimógenos e tripsina, a provocar um dano maior.

    Todas essas causas geram uma diminuição dos mecanismos que utiliza o pâncreas para proteger-se da sua própria digestão. 

    Sintomatologia

    A pancreatite aguda propicia a depressão, vómitos, diarreia, febre, dor abdominal, anorexia e desidratação. Em casos graves inclui dispneia, efusão pleural, arritmias, CID, sepse e choque.  

    Webinar com legendas em português: "Mitos sobre o tratamento  da diarreia no cão" - Dr. Xavier Roura

    Tratamento

    O tratamento da pancreatite canina é sintomático. Consiste em nutrição, fluidoterapia e na realização de um tratamento precoce das possíveis complicações que venham a aparecer.

    • Nutrição: O controlo nutricional dos doentes representa uma parte importante do tratamento. De acordo com as evidências científicas em medicina veterinária, recomenda-se iniciar imediatamente uma nutrição entérica. Observou-se que a nutrição entérica apresenta benefícios na evolução do doente em relação à nutrição parentérica. A nutrição parentérica única ou combinada com nutrição entérica está indicada como medida temporária em doentes mal nutridos que não toleram a nutrição entérica. A imunonutrição está a ser investigada pelo seu papel positivo na regulação da inflamação pancreática.
    • Fluidoterapia: É preciso suprir as necessidades de manutenção e corrigir o grau de desidratação, assim como as alterações eletrolíticas. Podem-se administrar coloides e dextranos de baixo peso molecular.
    • Plasma: contem inibidores da tripsina.
    • Insulina: no caso de surgir uma insuficiência endócrina que cause diabetes mellitus.
    • Corticoides: pode ter um papel na estabilização das membranas e são conhecidos pelos seus efeitos anti-inflamatórios, porém o seu uso continua a ser controverso.
    • Analgésicos: a meperidina é o mais recomendado.
    • Antibioterapia de amplo espectro: por exemplo cefalosporinas de 1ª geração para prevenir a sepse.
    • Lavado peritoneal: O objetivo é eliminar substâncias nocivas libertadas no abdómen, que são as responsáveis pelas muitas complicações orgânicas. Injeta-se 30 ml(kg de soro fisiológico a 37ºC para tirá-lo de 0,5 a 2 horas depois.
    • Cirurgia no caso de surgir perfuração intestinal, abscessos pancreáticos ou obstruções no ducto biliar.

    Prognóstico

    Existe a possibilidade de aparecerem inúmeras complicações graves na pancreatite nos cães, pelo que o prognóstico das pancreatites agudas é reservado. A considerar a pancreatite crónica, a doença pode ser controlada mas é muito difícil a recuperação completa dada a perpetuação dos mecanismos que danificam o tecido pancreático. Em grande parte dos distúrbios gastrointestinais, recomenda-se a realização de um jejum temporário. O intuito desse jejum é diminuir a quantidade de alimentos não absorvidos, que pioram os sintomas ao provocar uma diarreia osmótica e reduzir a flora intestinal. A duração do jejum deve ser de 24 a 36 horas. Depois disso deve-se reintroduzir a alimentação pouco a pouco, utilizando porções pequenas e frequentes.

    New Call-to-action