Infeção na boca do cão: Quisto folicular
O quisto folicular ou quisto dentígero é um tipo de quisto odontogénico pouco frequente que se encontra na cavidade oral dos cães. Trata-se de uma estrutura que alguns cães apresentam na boca por causa de um dente não erupcionado.
O dente pode não ter erupcionado por encontrar-se impactado ou incluso. A génese do quisto folicular ao nível da boca é explicada pela fisiologia dentária do cão. O esmalte dentário forma-se e desenvolve-se antes da erupção dentária, através de umas células chamadas ameloblastos que se encontram no órgão formador do esmalte. Quando o dente erupciona de forma natural, o órgão desaparece gradualmente, perdendo-se os ameloblastos. Caso não erupcione, os ameloblastos formam uma estrutura revestida de epitélio. O epitélio que reveste a cavidade pode ou não produzir líquido, sendo os epitélios secretores mais frequentes, e isto levará à formação de um quisto folicular.
De entre as complicações apresentadas pelo quisto folicular, mencionamos uma das mais frequentes e importantes: a infeção na boca do cão. No entanto, existem outras complicações do mesmo: perda óssea significativa na zona do quisto, destruição de tecidos adjacentes, transformação neoplásica na forma de ameloblastoma e carcinoma de células escamosas.
O diagnóstico do quisto é realizado por radiografia. Na verdade, qualquer zona mandibular com ausência de dente deve ser avaliada através de uma radiografia simples para descartar um quisto folicular associado à ausência de dente. Os resultados radiológicos que encontraríamos seriam uma área radiolúcida associada à coroa de um dente não erupcionado. A apresentação clínica no animal variará consoante se desloque à clínica veterinária por causa de uma complicação do quisto (infeção) ou pelo próprio crescimento do quisto, apresentando-se, nesse caso, na forma de uma tumoração mandibular numa área onde não são observados dentes.
O tratamento das complicações associadas variará segundo as mesmas. No caso de infeção, requer-se tratamento antibiótico com drenagem do mesmo no caso de uma má evolução. O tratamento específico do quisto é cirúrgico, recomendando-se sempre a sua extirpação cirúrgica. Nos casos isolados em que o tamanho seja grande, pode-se realizar uma primeira cirurgia de marsupialização com o objetivo de reduzir a pressão exercida pelo quisto nas diferentes estruturas, realizando-se numa outra ocasião a excisão completa.