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    Higroma em cães: gestão positiva da drenagem de sucção fechada

    A bursite em cães é uma infeção clínica relativamente frequente que progride com dor e impotência funcional. É diagnosticada com facilidade, mas nalguns casos o tratamento do higroma em cães pode chegar a ser um desafio para os profissionais veterinários, já que as respostas variam de um paciente para outro.

    O higroma costuma ser provocado por um traumatismo, seja ele agudo devido a um impacto forte, ou pela exposição sistemática a impactos leves. É um problema mais comum em cães de raça grande e gigante como Grand Danois, Galgos e Dálmatas. Ainda assim, também pode surgir em cães que não são muito ativos, sobretudo quando passam muito tempo sobre superfícies duras já que isso lhes causa stress na articulação.

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    Opções de tratamento do higroma em cães

    O tratamento irá depender do tipo de higroma, do seu grau de progressão e do facto de existirem ou não complicações, como é o caso da infeção articular. Quando se trata de um higroma não complicado recorre-se a uma ligadura e aos anti-inflamatórios não esteroides (AINE).

    Nalguns casos, se o cão apresentar infeção, recomenda-se o uso de antibióticos. Se o animal não reagir aos AINE, ou se a infeção estiver relacionada com uma condição auto-imune, é indicado o uso de esteroides, ainda que este estudodemonstre existirem receios na administração de injeções de corticoides e recomende a utilização da drenagem.

    De facto, quando a bursite (higroma) é mais grave costuma realizar-se uma drenagem com agulha fina do líquido sinovial. No caso de se manifestarem complicações, e de surgir uma fístula ou úlcera, será necessário recorrer ao tratamento cirúrgico.

    Drenagem de Penrose para os higromas de cotovelo

    A maioria dos higromas de grande volume exigem uma drenagem prolongada. A drenagem de Penrose, um procedimento aberto e sem aspiração, é uma das técnicas de drenagem passiva mais utilizadas. Esta técnica adequa-se à drenagem de pequenas áreas, mas não é recomendável para zonas extensas, sobretudo quando se prevê uma drenagem prolongada, porque quanto mais se efetue a drenagem, maior o risco de que se origine uma infeção ascendente pela contaminação da sua zona de saída. Isto deve-se ao facto de que o líquido extraído fique retido na ligadura, mantendo-se em contacto com a pele do animal.

    Nos casos de higromas de cotovelo a drenagem de Penrose costuma utilizar-se durante um período de três semanas, o que significa que se exige a manutenção prolongada de uma ligadura de compressão que será necessário mudar periodicamente, geralmente a cada três ou cinco dias, à medida que o líquido se acumula na camada de ligadura secundária. De facto, um estudo retrospectivo2 realizado em 25 cães com higroma de cotovelo demonstrou que 5 dos 11 casos submetidos a drenagem de Penrose sofreram complicações pós-operatórias.

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    A drenagem de Penrose apresenta outro ponto desfavorável: é difícil manter a ligadura na posição adequada porque os materiais são esticados e afrouxados lentamente devido ao movimento natural do cão. Por isso, devem avaliar-se outras soluções para o higroma em cães, tais como a drenagem de sucção fechada (ativa), que pode reduzir a aparição de hematomas na ferida e minimizar o risco de infeção, constituindo uma opção mais cómoda porque não são necessários cuidados pós-operatórios da ligadura, cuidados esses exigidos pela drenagem de Penrose nos higromas de cotovelo.

    Eficácia da drenagem de sucção fechada nos higromas de cotovelo

    O uso da drenagem de sucção fechada foi analisado num caso publicado no Journal of Small Animal Practice.3 Era um macho São Bernardo com 1 ano de idade, castrado e com higromas de cotovelo bilaterais presentes há várias semanas. Para tratar o higroma de maior tamanho (8 cm de diâmetro) que afetava o cotovelo esquerdo, utilizou-se um sistema de drenagem de sucção fechada para reduzir a bolsa durante um período de três semanas.

    O sistema de drenagem ativa foi colocado no colar cervical do cão, ao qual foram administrados antibióticos por via oral a cada 12 horas durante 7 dias, bem como Tramadol, um analgésico, durante 3 dias. Durante esse período de tempo, utilizou-se uma cama suave para proteger os impactos na zona do olécrano.

    Após a extração da drenagem realizaram-se exames periódicos durante 18 meses, nos quais não se observaram evidências de recorrência de higroma. Mesmo assim, o higroma do cotovelo direito (de menor tamanho e que não foi submetido a cirurgia) registou um ligeiro aumento de tamanho durante este período. Os autores do estudo concluem que o uso da drenagem de sucção fechada do higroma é um método simples e económico para eliminar o líquido.

    A principal vantagem deste sistema de drenagem ativa é que se trata de um procedimento minimamente invasivo para o animalque diminui o risco de contaminação, dado que o líquido drenado é armazenado diretamente no depósito. Isto permite efetuar um acompanhamento mais preciso do processo de drenagem, pois poderemos notar rapidamente qualquer mudança na aparência do líquido ou uma possível obstrução do sistema. Adicionalmente, não exige a imobilização da extremidade do animal.

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    Referências Bibliográficas:
    1. Basilea, A. (2017) Elbow hygroma in the dog: A retrospective study of 25 cases (Tese de Mestrado) Universidade Aristóteles de Tessalónica, Tessalónica.
    2. Pavletic, M. M. & Brum, D. E. (2015) Successful closed suction drain management of a canine elbow hygroma. J Small Anim Pract; 56 (7): 476-479.
    3. Johnston, D. E. (1975) Hygroma of the elbow in dogs. J Am Vet Med Assoc; 167: 213-219.