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    Fosfatase alcalina alta em Schnnauzers com hipertrigliceridemia

    O fígado é um órgão que desempenha um papel fundamental em numerosos processos metabólicos relacionados com os hidratos de carbono, as gorduras e as proteínas. Por tanto, qualquer alteração que ocorra no fígado será refletida numa deficiência ou numa incapacidade para desenvolver as funções anteriormente mencionadas com normalidade.

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    Enzimas hepáticas séricas: uma breve introdução

    As três enzimas séricas mais usadas para avaliar as doenças hepáticas do cão são a alanina aminotransferase (ALT ou SGPT), fosfatase alcalina (FAL) e a gama glutamil transpeptidase (GGT). A ALT é mais específica que a aspartato transaminase (AST ou SGOT). Em relação à ALT, uma alta concentração da mesma indica um dano hepatocelular e o grau de elevação reflete o número de hepatócitos lesados e/ou o grau do dano, mas não reflete a função hepática. Os níveis de ALT são mais altos durante a necrose hepática, doenças inflamatórias do fígado, carcinoma hepático e trauma. Da mesma forma, os fármacos antiepiléticos e os corticoides também podem aumentar os níveis de ALT. Os aumentos não são considerados significativos até que alcancem 2 a 3 o valor superior do que o normal.  

    Por outro lado, a FAL e a GGT aumentam no soro durante a colestase. A colestase intra-hepática pode aparecer devido à inflamação ou doença infiltrativa, incluindo infiltração com glicogénio ou gordura. A colestase extra-hepática ocorre com inflamações ou obstruções dos ductos hepáticos, ducto biliar comum, ducto cístico ou vesicula biliar. Ambas aumentam também se está a tomar corticoides. As isoenzimas FAL encontram-se no fígado, rins, placenta e mucosa intestinal. O aumento dos níveis de FAL não são considerados significativos até que alcancem o dobro do valor normal.  

    Fosfatase alcalina (FAL) alta nos cães

    Existem muitas doenças não hepáticas que pode repercutir no aumento deste parâmetros. Devido a que a colestase pode apresentar-se devido à infiltração de gordura do fígado (esteatose hepática), teoricamente é possível, num cão obeso, um aumento moderado da FAL o que pode ser indicativo de doença hepática. Com o objetivo de determinar se a hipertrigliceridemia em Schnauzers miniatura saudáveis está associada com a elevada atividade enzimática hepática sérica foi levado a cabo um estudo feito em 20081 em 65 Schnauzers miniatura, os quais foram divididos em 3 grupos e lhes foi medido a atividade da FAL, ATL, AST e GGT.  

    • Grupo 1: 65 Schnauzers miniatura com concentrações de triglicerídeos séricas nos intervalos de referência
    • Grupo 2: 20 Schnauzers miniatura com concentrações de triglicerídeos séricas ligeiramente elevadas
    • Grupo 3: 20 Schnauzers miniatura com concentrações de triglicerídeos séricas moderadamente ou severamente elevadas.

    Quanto às FAL encontraram que a atividade sérica média foi significativamente mais alta no grupo 3 do que nos grupos 1 e 2, mas entre os grupos 1 e 2 não se verificou uma diferença significativa. Comparando com o grupo 1, os grupos 2 e 3 tiveram uma probabilidade significativamente maior a ter uma atividade sérica da FAL mais elevada.  O grupo 3 tinha mais probabilidades de ter duas ou mais atividades enzimáticas hepáticas elevadas do que no grupo 1. A partir dos resultados encontrados sugeriram que uma hipertrigliceridemia grave estava associada a uma alta atividade das enzimas hepáticas nos Schnauzers miniatura.

    Guia GI Parte 2

    1. Actividade de enzimas séricas hepáticas em pequenos e saudáveis schnnauzers com e sem hipertrigliceridemia. Xenoulis, P.G., Suchodolski, J.S., Levinski, M.D., Steiner, J.M.J. Am. Vet. Med. Assoc. 232, 63-67, 2008