Cirurgia da hérnia discal em cães: recuperação e coordenação
As hérnias discais classificam-se principalmente em dois grupos:
- Hansen tipo I: degeneração condroide do núcleo polposo e deterioração do anel fibroso do disco, originada habitualmente por movimentos bruscos (quedas, saltos). mais predominante em raças condrodistróficas (Teckel, Caniche) entre os 2 e os 6 anos de idade.
- Hansen tipo II: degeneração fibrosa do núcleo discal, causando uma protrusão gradual do material do disco degenerado e originando lesão medular ou mielopatia compressiva focal.
Surge mais frequentemente em raças não condrodistróficas e apresenta maior incidência a partor dos 5-6 anos de idade.
De acordo com a gravidade da hérnia nos cães, e em função do estado do disco intervertebral, existem diferentes graus que vão do I ao IV.
Tratamento segundo o grau
Segundo o grau da lesão existem duas opções de tratamento: conservador (Graus I e II): terapia anti-inflamatória e repouso; cirúrgico (Graus III - IV): na cirurgia de hérnia discal, efetua-se o procedimento de extração do material discal conseguindo a descompressão da medula espinal do cão. Este tratamento tem um elevado índice de recuperação da continência, ainda que em muitos casos existam deficiências na força e na coordenação quadrúpede.
A gestão do período pós-operatório é de suma importância para a recuperação, e estes cães são beneficiados com a implementação precoce de um plano de reabilitação.
Recuperação gradual do movimento e coordenação nos cães
Avaliaram-se 63 cães com grau III (paraparética não ambulatória), grau IV (paraplégicos) e grau V (paraplégicos sem sensação de dor) que foram submetidos a cirurgia descompressiva para a hérnia aguda do disco intervertebral toracolombar (TL-IVDH), implementando-se um protocolo de reabilitação durante um período de 6 semanas posteriores à intervenção cirúrgica.
O objetivo do estudo foi o de avaliar de forma prospectiva a recuperação pós-operatória dos animais utilizando esquemas de pontuações, testes de coordenação motora e atribuindo uma pontuação tanto em campo aberto, como em passadeira de correr (OFS), incluindo caminhadas com e sem apoio.
Os cães de grau III recuperaram a sua marcha em 2 semanas, alcançando por volta das 6 semanas uma pontuação média de 96% e uma recuperação da coordenação de cerca de 93,9%. Os animais possuidores de grau IV obtiveram uma pontuação média de 90% e uma recuperação da coordenação um pouco menor: 63%. Em relação aos cães com grau V, 8 dos mesmos não recuperaram a marcha independente após as 6 semanas, e outros 9 animais obtiveram pontuações substancialmente inferiores aos de grau III e IV.
A OFS foi relacionada com as pontuações dos passos e os testes de coordenação motora, atribuindo-se a cada grupo um resultado significativamente diferente quando se usava esta escala ordinal. A recuperação da coordenação foi incompleta nalguns cães; mas manifestaram um reestabelecimento nos passos. Assim, conclui-se que com técnicas de reabilitação pós-operatórias, perseverança e esforço é possível alcançar bons resultados.
Referências
Recovery of stepping and coordination in dogs following acute toracolumbar intervetebral disc herniations. Veterinary Journal (2016 Jul)