Vómito fecaloide
Introdução
Os vómitos, tal como a diarreia, constituem um dos motivos mais frequentes de consultas de animais, tratando-se de um sinal que se pode traduzir quer numa patologia a nível digestivo, quer a nível extra-digestivo.
Que tipos de vómitos existem?
De acordo com o conteúdo do vómito, a forma de vomitar, a sua duração ou a relação com a alimentação, os vómitos podem classificar-se de diferentes formas. Uma anamnese minuciosa irá elucidar-nos sobre o tipo de vómito e a patologia subjacente. Entre os diferentes tipos de vómitos nos cães, contam-se:
- Em função do conteúdo do vómito: pode ser alimentar, mucoso, com vestígios de ervas, bilioso, hemático ou fecaloide (odor de fezes no vómito).
- Em função da sua duração: pode ser agudo se durar menos de 4 dias. Por outro lado, se durar mais ou se se repetir em intervalos regulares será de tipo crónico. Possuem etiologias diferentes.
- Em função do momento da alimentação: podem produzir-se de forma imediata após a ingestão, indicando uma possível gastrite; várias horas após a ingestão, que é indício de uma obstrução intestinal ou de outra causa de hipomotilidade gástrica; ou vómitos em jejum, que se devem normalmente a um refluxo biliar em períodos de jejum prolongado.
- Forma de vomitar: podem ser vómitos não produtivos, com origem em transtornos que progridam com vómitos frequentes ou dilatação-torção gástrica, ou vómitos em projétil e sem pródromos, que são causados por uma obstrução proximal.
Vómito de tipo fecaloide: causas
O vómito fecaloide é indicativo de um quadro obstrutivo. Uma obstrução intestinal pode surgir devido a diferentes causas, entre as quais se contam o íleo paralítico, torção ou invaginação intestinal, dilatação-torção gástrica, impacto de corpos estranhos, prisão de ventre persistente...
Tratamento do vómito fecaloide
O tratamento irá depender da causa subjacente. Por um lado, se o cão apresentar sinais de desidratação e anormalidades hidro-eletrolíticas, será necessário administrar fluidoterapia, normalmente de forma parenteral.
Por outro lado, ainda que seja um tema alvo de controvérsia, e sempre que o animal tolerar a dieta inicial, esta será considerada parte do tratamento, com o objetivo de administrar ao animal pequenas porções de alimento várias vezes durante o dia, alimento esse com baixo teor de gorduras, baixo em fibra e com proteínas facilmente digeríveis. Os fármacos antieméticos devem ser administrados a cães cujos vómitos comprometam a sua estabilidade hemodinâmica, sendo que a metoclopramida não deve ser administrada perante uma suspeita de obstrução intestinal, devido aos seus efeitos procinéticos. Também se podem utilizar protetores gástricos como a ranitidina, a famotidina e o omeprazol. No tratamento das causas, é aconselhável a realização de cirurgia por forma a remover corpos estranhos de grandes dimensões.
Igualmente, aconselha-se o tratamento de algumas das causas de obstrução do fluxo pilórico, também para obtermos biópsias gastrointestinais de espessura completa. Clicando aqui pode aceder a uma explicação mais detalhada sobre as obstruções intestinais.
Prognóstico
O prognóstico irá depender de vários fatores, tais como o tipo de obstrução, o período de tempo decorrido até ao tratamento e o estado de gravidade que o animal apresentar no momento da avaliação.