Vermes em gatos. Infeções pulmonares simples e mistas.
Infestações pulmonares por nemátodos no gato
A infeção de gatos costuma ocorrer através da predação de pequenos animais que atuam como hospedeiros intermediários (caracóis ou lesmas) ou paraténicos (pássaros, rãs, lagartixas, cobras e roedores). Portanto, estas parasitoses são quase exclusivas de gatos de exterior ou que têm acesso ao exterior, sendo mais frequentes em gatos de rua ou que vivem em colónias controladas.
Os dois nemátodos mais frequentes nas infeções respiratórias são:
- Aelurostrongylus abstrusus. É o de maior incidência.
- Capillaria aerophila. Este nemátodo tem como nicho a traqueia, os brônquios e os bronquíolos de animais selvagens e carnívoros domésticos, como o gato e o cão.
- Troglostrongylus brevior. Foi recentemente descrito no gato doméstico da zona mediterrânica, sendo que antes se considerava que apenas afetava os felinos selvagens.
As infeções por estes parasitas podem pôr a vida do animal em risco e, de facto, consideram-se de alto risco em gatinhos e em gatos imunodeprimidos (por exemplo, por imunodeficiência felina). A rapidez no diagnóstico e tratamento, nestes casos, é fundamental.
É importante ter em conta também que estas parasitoses costumam apresentar infeções mistas que podem complicar o quadro e o tratamento.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Os gatos infetados com vermes pulmonares apresentam os mesmos sintomas que os infetados com outras doenças respiratórias: tosse, dispneia, dificuldade em respirar (com a boca aberta), espirros e sibilos. Alguns gatos também podem sofrer infeções subclínicas sem sintomas aparentes.
O diagnóstico é realizado através de uma coproscopia e uma radiografia torácica, embora, por vezes, se chegue ao diagnóstico por despiste de outras patologias respiratórias.
O tratamento consiste na administração de anti-helmínticos com revisão a cada 2 semanas até à remissão completa.
Estudo: descrição de 26 casos de infeções pulmonares por vermes em gatos
Num estudo retrospetivo(1) realizado na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Teramo (Itália), foram descritos e acompanhados 26 casos de vermes pulmonares em gatos domésticos, todos animais de exterior ou com acesso ao exterior. Para além dos exames necessários para a confirmação do diagnóstico, foram realizadas várias análises bioquímicas e serologias para descartar o vírus da imunodeficiência felina e a leucemia felina. Os sintomas em diferentes níveis do sistema respiratório (brônquicos, alveolares, intersticiais e vasculares) foram classificados como ligeiros, moderados e graves. As larvas e os ovos obtidos a partir da coprologia foram identificados através de PCR.
Em seguida, é apresentado um esquema dos resultados do estudo destes casos:
Conclusões
O diagnóstico diferencial dos sinais respiratórios e alterações radiológicas do aparelho respiratório nos gatos deveria incluir sempre os vermes pulmonares. Do mesmo modo, a coprologia deveria ser considerada um dos primeiros passos no diagnóstico, especialmente em gatos com vida no exterior.