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    Sarna em gatos: descrição da sarna notoédrica

    A sarna em gatos é uma doença cutânea produzida por ácaros. Alguns tipos de sarna em gatos podem contagiar outros animais de estimação e, até, por vezes serem transmitidos a seres humanos (zoonose). Neste artigo iremos centrar-nos na etiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da Sarna Notoédrica, após uma breve revisão dos diferentes tipos de ácaros causantes das distintas sarnas em gatos.

    Tipos de ácaros causantes de sarna em gatos

    Existem três tipos de parasitas que afetam com mais frequência os gatos domésticos:

    • Notoedres Cati: Este ácaro é exclusivo dos gatos e é responsável pela Sarna Notoédrica nos felinos. A sua manifestação é pruriginosa e escamosa, além de ser altamente contagiosa. Inicialmente, os ácaros instalam-se e causam infeções graves na pele, cabeça e orelhas do animal; mas podem extender-se a outras zonas do corpo.

    • Cheyletiella spp: Este tipo de ácaro produz a Sarna Queiletielosis e é conhecida como a “doença da caspa móvel/caminhante”. Origina um quadro de descamação grave acompanhado de prurido. É muito contagiosa em grupos de vários animais e abrigos com condições de higiene deficientes.

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    • Otodectes cynotis: Causante da Sarna Otodéctica, doença cutânea resultante da multiplicação deste ácaro no ducto auditivo externo. Surge acompanhada de escamas, crostas e secreções de cor escura.

    • Demodex Cati: Responsável pela Demodicose. Muito mais comum em cães, ainda que por vezes também possa afetar os felinos. Nos gatos, costuma estar associada a causas de imunossupressão viral ou a causas metabólicas. Existe uma variedade oroginada por Demodex Gatoi que se considera contagiosa entre os gatos, mas é muito pouco frequente.

    Etiologia da Sarna Notoédrica

    Os ácaros Notoedres estão estreitamente relacionados com os ácaros da sarna sarcóptica em cães e, por isso, as duas infeções são similares.

    O ciclo completo dura aproximadamente 21 dias e dá-se sobre o hospedeiro. A fêmea e o macho copulam sobre a superfície cutânea do gato e posteriormente a fêmea escava galerias, e nesses pontos por onde penetra formam-se as pápulas pruriginosas.

    Sinais Clínicos da Sarna Notoédrica

    Os sinais clínicos caracterizam-se por prurido intenso, pápulas e crostas eritematosas, seborreia, alopécia e pioderma. Costuma iniciar-se com crostas e escamas na zona medial do pavilhão auricular, avançando e cobrindo o rosto e pescoço, podendo chegar a extender-se a outras zonas do corpo, tais como as extremidades. Ou seja, pode chegar a afetar todo o corpo do gato. Sem tratamento, os efeitos na pele podem tornar-se crónicos, originando hiper-queratose e hiperpigmentação.

    Diagnóstico da Sarna Notoédrica

    O veterinário irá realizar um diagnóstico definitivo por meio de um exame físico completo, explorando a pele com lâmpada de Wood e recolhendo amostras de raspagens das zonas afetadas (irá confirmar a presença de ácaros com um microscópio). Ao tratar-se de uma doença cutânea, deverá efetuar-se um diagnóstico diferencial com outras doenças da pele, principalmente das patologias que cursam com prurido  como demodicosedermatite atópica, dermatite por Malasseziafoliculite bacteriana, alergia alimentar, entre outras.

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    Tratamento da Sarna Notoédrica

    O tratamento da sarna notoédrica irá variar em função do nível de infeção e da situação particular de cada gato.

    O tratamento deverá ser aplicado ao gato infetado e a resto de felinos que convivam com ele. Muitos tratamentos tópicos podem ser tóxicos para os gatos, pelo que o mais indicado é o uso de Ivermectina (300 mcg/Kg cada 7-14 dias, via subcutânea), Selamectina em spot-on (6mg/Kg, duas aplicações com intervalo de 14 dias) e Moxidectina (400 mcg/Kg a cada 14 dias).  Será aplicado Amitraz a 0,25% através de fricções semanais durante pelo menos 1 mês (a sua toxicidade é maior em gatos, portanto será melhor utilizar Ivermectina). O tratamento deverá prolongar-se até se constatar que as amostras de raspagens são negativas, e que o gato já não apresenta sintomas. Quando existir infeção bacteriana secundária, costuma ser necessária a administração de antibióticos.

     

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