Hipocapnia: breve descrição
Hipocapnia: Em que consiste
A hipocapnia consiste no decréscimo da concentração de dióxido de carbono dissolvido no plasma sanguíneo, como consequência de um intercâmbio gasoso anormal na membrana alvéolo-capilar1.
Este parâmetro mede-se através da pressão parcial de CO2, ou PaCO2, que reflete o estado da ventilação pulmonar e da função respiratória do animal. Analisa-se através da capnometria, que é uma técnica não invasiva que estima a fração expirada de dióxido de carbono do animal.
O CO2 possui um efeito direto nos vasos sanguíneos, de tal forma que produz um efeito vasodilatador nas veias e artérias do organismo do animal. Um decréscimo significativo da concentração de CO2 no sangue supõe uma vasoconstrição generalizada.
A hipocapnia manifesta-se em animais que se encontram num estado de hiperventilação, como consequência de doenças do sistema respiratório e outras doenças concorrentes, dor ou situações de stress, e em animais submetidos a anestesia, entre outros.
Efeitos no organismo
Deve considerar-se que um animal se encontra em hipocapnia quando o PaCO2 se situa abaixo de 32 mmHg em cães, e abaixo de 26 mmHg nos gatos.
Geralmente, a hipocapnia é tolerada pelo animal e não apresenta mudanças significativas no organismo de forma aparente. Porém, existem casos em que um decréscimo de CO2 no sangue pode provocar efeitos contraproducentes no paciente.
Num estudo realizado por veterinários da Universidade de Córdoba, observa-se em detalhe como 33% dos cães submetidos a anestesia apresentaram complicações derivadas da hipocapnia, tais como apneia, tetania, convulsões e arritmias.
Um paciente em estado de hipocapnia pode padecer de complicações a nível do sistema renal: o ritmo de filtração do sangue aumenta e, consequentemente, a produção de urina.
Tratamento
Primeiramente, é imprescindível corrigir a causa que provoca estes efeitos no animal. Por si só, não representa um risco de morte iminente para o paciente, mas pode causar danos irreparáveis se não for adequadamente tratada. Algumas das ações que se podem levar a cabo para o seu controlo são:
- Controlo dos níveis de oxigénio e de dióxido de carbono durante as intervenções cirúrgicas, através de capnografia.
- Evitar situações de stress que possam originar estados de hiperventilação excessiva.
Geralmente, não supõe um quadro clínico grave para que seja necessária uma atuação clínica urgente, já que costuma ser corrigida por si só após o controlo da causa provocante.
Conclusão
A hipocapnia acarreta a diminuição dos níveis de CO2 no sangue, de tal forma que, se se manifestar durante um curto período de tempo no animal, não representa repercussões significativas; mas durante períodos mais prolongados de tempo pode originar efeitos nocivos para a saúde do animal.
1. Escolástico A. Aparelho respiratório. Em: Luis Eusebio F, Juan R, Rafael R, Juan José R. Patologia médica veterinária. ed. Universidade de Leão, Universidade de Saragoça, Universidade de Santiago de Compostela; 2003. p. 257-508.