Fratura do fémur: diferentes tratamentos cirúrgicos
Tipos de fraturas supracondilares do fémur
As fraturas femorais distais são as fraturas epifisárias mais frequentes, sendo que 50 % dos casos são em cães de 5-12 meses de idade. Ocorre em animais com menos de um ano de idade, enquanto que a sua placa epifisária (placa de crescimento) permanece cartilaginosa e aberta. Nos animais adultos a fratura denomina-se fisária.
Uma das formas de classificar as fraturas é pela sua forma e gravidade, utilizando-se para a sua descrição o método Salter-Harris:
- Tipo I: Fratura epifisária completa, com ou sem deslocamento.
- Tipo II: Fratura fisária que se extende pela metáfise, sendo que uma pequena porção desta se fratura.
- Tipo III: Fratura da placa de crescimento e da epífise, sem afetar a metáfise.
- Tipo IV: Fratura epifisária, sendo que também se comprometeu a epífise e a metáfise; também são fraturas articulares.
- Tipo IV: Por esmagamento ou compressão da placa de crescimento.
Tratamentos cirúrgicos
As fraturas Salter-Harris de tipo I e II são as fraturas supracondilares desde um ponto de vista ortopédico. A maioria das fraturas femorais distais classificam-se como Salter-Harris tipo II, enquanto que as fraturas femorais proximais costumam ser Salter-Harris de tipo I. Os tratamentos conservadores podem originar uma reparação incompleta e complicações associadas, tais como: restrição do movimento articular, luxação da rótula ou artrose.
A intervenção cirúrgica costuma ser o tratamento mais indicado. Nestes casos, o objetivo da cirurgia é o de lograr uma fixação rígida, estabelecer a coesão da cartilagem articular e preservar a função do joelho, já que este tipo de fratura envolve a articulação.
Nalguns casos, podem transformar-se em fraturas de tipo aberto, sendo que o extremo proximal sobressai em direção ao exterior. Para o correto diagnóstico realizam-se duas projeções radiográficas. O tratamento irá depender da zona afetada, da idade, do tamanho do animal e das características da fratura.
O acesso cirúrgico costuma realizar-se mediante abordagem lateral da articulação do joelho, extendendo-se de forma proximal entre o músculo tensor da fáscia lata e o quadríceps femoral. A manipulação de extremos distais femorais deverá ser muito cuidadosa durante a redução, por forma a conseguirmos um posicionamento anatómico correto.
Deveremos igualmente ter em conta as vantagens dos diferentes sistemas de implantes para a estabilização deste tipo de fraturas. Utilizam-se:
- Agulhas de Kirschner cruzadas ou paralelas.
- Pregos de Rush.
- Pregos Steinman cruzados.
- Parafusos ósseos.
- Agulhas de Kirschner cruzadas combinadas com bandas de tensão.
- Agulhas de Kirschner combinadas com pregos centromedulares.
- Fixadores externos configurados para tipo I e II.
Para estabilizar fraturas de tipo Salter I e II, o mais frequente é utilizar agulhas de Kirschner de diâmetro pequeno, o que permite a sua colocação sem interferir na função da articulação durante a sua resolução. As agulhas paralelas fixa-se de forma perpendicular à placa de crescimento.
Os pregos de Rush são mais usados nas fraturas distais do fémur (Salter tipo II), conseguindo-se assim uma melhor fixação no fragmento epifisário. Os pregos de Steinman e as agulhas de Kirschner cruzadas usam-se para tratar fraturas fisárias; a sua colocação no fragmento epifisário costuma ser complexa, pelo que se recomenda fazê-lo de forma quase perpendicular ao eixo longitudinal do osso, para unir a placa de crescimento e melhorar o desenvolvimento longitudinal nesta posição.
Os parafusos ósseos apenas são indicados em fraturas de animais no final do seu período de crescimento, devido ao facto de a fixação com parafusos ou implantes rígidos comprometer o movimento articular. Estaria indicado para fraturas de Tipo III e IV.
O implante selecionado não deve lesionar as placas de crescimento, para evitar encerramentos precoces nas mesmas, bem como processos de encurtamento ósseo ou deformações.