VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg
  • Tempo de leitura: 4 mins

    Fluidoterapia intravenosa Inquérito online sobre as práticas comuns

    Distribuição normal de fluidos corporais

    Para compreender a fluidoterapia e as suas aplicações, deve conhecer-se primeiro a distribuição de líquido e de água no corpo.

    Solicite GRATUITAMENTE o póster de avaliação do estado corporal de cães

    O peso corporal de um animal adulto é composto por aproximadamente 60% de água: 67% de líquido intracelular e os 33% restantes correspondem ao fluido extracelular, dividido da seguinte maneira:

    • Líquido intersticial: banha células e tecidos. 24%
    • Plasma: porção líquida do sangue. Constitui a maior parte do volume intravascular. 8 -10%
    • Fluido transcelular: compreende o líquido da articulação sinovial, o líquido cefalorraquidiano, a bílis e o líquido nos revestimentos da cavidade peritoneal, no pericárdio e no espaço pleural. 2%
       

    Os compartimentos intracelular e extracelular estão separados por membranas especializadas, as quais são semipermeáveis para permitir que a água se equilibre de acordo com o gradiente de pressão osmótica. Os doentes desidratados têm uma perda de água no espaço extravascular e, quando lhes são administrados líquidos por via intravenosa, ocorre uma redistribuição desses líquidos por outros compartimentos até os solutos voltarem a estar em equilíbrio.

    Ao proporcionar apoio de fluidos aos doentes, os veterinários devem ter em conta que compartimento deve ser reposto ou que transtorno deve ser corrigido. Este conhecimento ajuda tanto na escolha do líquido, como no método que se utiliza para administrar a terapia de fluidos.

    Tipos de fluidos disponíveis

    Encontram-se disponíveis vários tipos de fluidos: cristaloides e coloides (sintéticos e naturais). São empregues como soluções intravenosas com a finalidade de repor perdas líquidas, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e a homeostase, quando se encontram alterações a esse respeito por várias causas: transtornos hidroeletrolíticos, choque hipovolémico, depleção salina e depleção aquosa.

    Para administrar estas soluções, é imprescindível conhecer os seus componentes, indicações e contraindicações, tendo em vista evitar efeitos negativos que possam pôr a vida do animal em risco.

    fluidoterapia veterinária

    Cristaloides

    São soluções eletrolíticas que permitem manter o equilíbrio hidroeletrolítico e que se difundem através da membrana capilar. Empregam-se em terapia intravenosa para repor líquidos perdidos. Compostos por solutos iónicos e não iónicos de massa molecular baixa. As soluções cristaloides contêm água, eletrólitos e/ou açúcar em diferentes proporções e osmolaridades.

    Coloides

    A sua pressão oncótica é semelhante à do plasma. Contém partículas em suspensão de peso molecular elevado que atravessam as membranas capilares, podendo aumentar a pressão osmótica plasmática e reter água no espaço intravascular. Aumentam a pressão oncótica e a eficácia do movimento de líquidos desde o compartimento intersticial ao compartimento plasmático deficiente.

    Solicite GRATUITAMENTE o póster de avaliação do estado corporal de cães

    Em veterinária, cada tipo de solução tem o seu lugar no tratamento de patologias diversas e uma função: manutenção ou terapia de substituição. Para os veterinários, é muito importante compreender a necessidade de fluidoterapia, os métodos de administração de líquidos, os tipos de soluções disponíveis, e como manter os doentes seguros enquanto este tratamento lhes é administrado.

    Inquérito online a veterinários de pequenos animais sobre as práticas comuns de fluidoterapia

    O objetivo deste inquérito foi precisar a prática comum de fluidoterapia nas clínicas veterinárias e identificar possíveis lacunas de conhecimento que pudessem ser colmatadas com iniciativas de caráter educativo.

    Neste estudo participaram 1496 veterinários, os quais tiveram de responder a 24 perguntas sobre a administração de soluções cristaloides e coloidais sintéticas, a escolha do tipo de líquido, a frequência de administração, o tipo de doente tratado, o tratamento com fluidos por via subcutânea versus intravenosa, a administração de suplementos de potássio com os fluidos.

    A solução mais usada em todos os cenários clínicos foi os cristaloides. A taxa de manutenção mais comum por via intravenosa foi a de 60 ml/kg/d. Foi observado que havia maior desconhecimento relativamente à especificação do tipo e quantidade apropriada de fluidos, assim como à avaliação da necessidade do suplemento de potássio.

    Concluiu-se com base nos resultados deste inquérito que havia a necessidade de facilitar guias de prática clínica concebidos como uma ferramenta para os veterinários, baseados em evidência e fáceis de usar.

    New call-to-action

    Referências bibliográficas
    Hopper K, G. R. (2018 Mar 1;252(5):553-559). An online survey of small animal veterinarians regarding current fluid therapy practices in dogs and cats.