Fluidoterapia intravenosa: inquérito online de práticas comuns
- Líquido intersticial: banha as células e os tecidos. 24%
- Plasma: porção líquida do sangue. Constitui a maior parte do volume intravascular. 8 10%
- Fluido transcelular: inclui o líquido sinovial da articulação, o líquido cefalorraquidiano, a bílis e o líquido nos revestimentos da cavidade peritoneal, o pericárdio e o espaço pleural. 2%
Os compartimentos intracelular e extracelular são separados por membranas especializadas, que são semi-permeáveis para permitir que a água se equilibre de acordo com o grau de pressão osmótica. Os pacientes desidratados apresentam perda de água no espaço extravascular, e quando os líquidos são administrados por via intravenosa, redistribuem-se nos outros compartimentos até que todos os solutosvoltem a estar equilibrados.
Ao proporcionar apoio de fluidos aos pacientes, os veterinários devem ter em conta qual o compartimento que deverá ser reposto ou qual o transtorno que deverá ser corrigido. Este conhecimento irá ajudar quer na escolha do líquido quer no método utilizado para administrar a terapia de fluidos.
Tipos de fluidos disponíveis
Estão disponíveis vários tipos de fluido: cristaloides e coloides(sintéticos e naturais). São utilizados como soluções intravenosas, com o fim de repor perdas líquidas, manter o equilíbrio hidro-eletrolítico e a homeostase, quando se encontram alteradas por diversas causas: transtornos hidro-eletrolíticos, choque hipovolémico, depleção salina e depleção aquosa.
Para administrar estas soluções é essencial conhecer os seus componentes, indicações e contraindicações, evitando efeitosnegativos que poderiam pôr em risco a vida do animal.
Cristaloides
São soluções eletrolíticas que permitem manter o equilíbrio hidro-eletrolítico e que se difundem através da membrana capilar. Empregam-se como terapia intravenosa para repor líquidos perdidos. Compostos por solutos iónicos e não iónicos de baixa massa molecular. As soluções cristaloides contêm água, eletrólitos e/ou açúcar em diferentes proporções e osmolaridades.
Coloides
A sua pressão oncótica é similar à do plasma. Contém partículas em suspensão de elevado peso molecular que não atravessam as membranas capilares, podendo aumentar a pressão osmótica plasmática e reter água no espaço intravascular. Aumentam a pressão oncótica e a eficiência de movimentos de líquidos desde o compartimento intersticial e para o compartimento plasmático deficiente.
Em Veterinária, cada tipo de solução possui o seu lugar no tratamento de diversas patologias e uma função: manutenção ou terapia de substituição. Para os veterinários é muito importante entender a necessidade de terapia com fluidos, os métodos para proporcionar líquidos, os tipos de soluções disponíveis e como manter seguros os pacientes enquanto se administra esse tratamento.
Inquérito online a veterinários de pequenos animais com respeito às práticas comuns na fluidoterapia
O objetivo do inquérito foi o de determinar a prática comum de fluidoterapianas clínicas veterinárias e identificar possíveis lacunas de conhecimento que podem ser melhoradas com esforços pedagógicos.
No estudo participaram 1.496 veterinários, que tiveram que responder a 24 perguntas sobre a administração de soluções cristaloides e coloidais sintéticas, a escolha do tipo de líquido, a frequência de administração, o tipo de paciente tratado, o tratamento com fluidos por via subcutânea vs via intravenosa e a administração de suplementos de potássio com os fluidos.
A solução mais utilizada em todos os cenários clínicos foram os cristaloides. A taxa de manutenção mais comum por via intravenosa foi de 60 ml/Kg/d. Observou-se que existia mais desconhecimento ao determinar a quantidade adequada de fluidos, o tipo deles e ao avaliar a necessidade de suplemento de potássio.
Com os resultados, concluiu-se existir a necessidade de facultar guias clínicos, como ferramenta para os veterinários, baseados na evidência e fáceis de utilizar.
Referências
HOPPER K, G. R. (2018 MAR 1; 252(5): 553-559). AN ONLINE SURVEY OF SMALL ANIMAL VETERINARIANS REGARDING CURRENT FLUID THERAPY PRACTICES IN DOGS AND CATS.