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    Doenças de pele nos cães: fotos e diagnóstico

    Trata-se da doença dermatológica mais comum em cães. Este exemplo de doenças de pele desenvolve-se em alguns cães devido a infestação prolongada por pulgas, e as fotos (imagiologia) ajudam no diagnóstico. A saliva das pulgas pode desencadear uma reação de hipersensibilidade. Caracteriza-se por um prurido severo associado a uma erupção papular, eritema e formação de crostas e escamas na zona lombossacra, na base da cauda e nos membros posteriores

    Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP)

    Trata-se da  doença dermatológica mais comum em cães. Desenvolve-se em alguns cães com infestação prolongada por pulgas, sendo que a saliva das mesmas pode originar uma  reação de hipersensibilidade.

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    Caracteriza-se por um prurido severo associado a uma erupção papular, eritema e formação de crostas e escamas na zona lombossacra, na base da cauda e nos membros posteriores. Muitas das lesões originam-se devido ao ato de o animal se coçar, entre as quais: alopécia, dermatite piotraumática e pioderma superficial generalizada. As infeções dérmicas secundárias como a foliculite bacteriana ou a  Malassezia costumam associar-se e complicar ainda mais o quadro clínico. O diagnóstico diferencial contempla a dermatite atópica, a alergia e/ou a intolerância alimentar e as doenças parasitárias. O tratamento baseia-se no controlo da infestação através de antiparasitários(imidacloprid, fipronil ou lufenuron) e de corticoterapia sistémica(prednisona 1mg/kg/24h via oral, durante 1 semana). Também pode ser complementada com tratamento anti-histamínico se existir um controlo deficiente do prurido (clemastina 0,05 mg/kg/12h via oral)1.

    Pioderma

    A pioderma é uma patologia causada por uma sobre-infeção bacteriana (na maioria dos casos de Staphylococcus intermedius) que normalmente aparece de forma secundária a outras infeções (por exemplo, dermatite atópica, doenças parasitárias, neoplasias, demodicose...) e por isso a sua recorrência irá depender da evolução da doença-base. Contribui significativamente para a morbidade canina devido ao prurido, à dor e às mudanças inflamatórias  da pele associadas a este problema.

    Dependendo da profundidade e da natureza da infeção, a pioderma pode ser superficial (epiderme) ou profunda (derme e tecido adiposo subjacente), sendo esta última muito menos frequente.  O sinal clínico mais importante é a aparição de pápulas ou pústulas na pele, ainda que também se possam observar lesões de crostas, xerose e zonas de alopécia. Na pioderma profunda podem surgir, além disso, abcessos e celulite. O diagnóstico de base para a aparência e localização anatómica das lesões (bem generalizada ou localizada a nível interdigital, acral, ou no focinho e zona perianal) tornam-na numa patologia fácil de identificar, mas muitas vezes as manifestações próprias da  infeção bacteriana induzem dificuldades ou erros diagnósticos2.

    A base do tratamento é a antibioticoterapia específica face à bactéria isolada nas culturas dérmicas de cada caso, complementada com tratamento tópico à base de banhos antisépticos periódicos para ajudar no controlo das lesões e para prevenir a aparição de bactérias multirresistentes (S.aureus, MRSA...). A duração do tratamento antibiótico deverá extender-se até uma semana após o desaparecimento dos sinais clínicos na pioderma superficial (cerca de 3 semanas), e ultrapassando as 2 semanas na pioderma profunda (entre 4 e 8 semanas), dado que apesar do desaparecimento das lesões o cão afetado pode ainda ser portador do microorganismo, com o risco de contágio e de recorrência que isso pressupõe3.

    Sarna sarcóptica

    Originada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, é o tipo de sarna mais frequente nos cães e é altamente contagiosa. Caracteriza-se pela presença de um prurido muito intenso que pode ser iniciado em qualquer zona do corpo, mas que geralmente começa nas orelhas, na cara, nas axilas e na zona ventral. Surgem  lesões papulares e crostas, eritema, escoriações e alopécia secundária ao ato de se coçar. À medida que evolui, as escamas intensificam-se nas margens das orelhas, nos cotovelos e nos jarretes.

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    O diagnóstico diferencial engloba: dermatite atópica, dermatite herpetiforme, psoríase e picada de insetos. Em caso de infeção o tratamento deverá ser também administrado a todos os cães que tenham mantido contacto (mesmo aqueles assintomáticos); além disso, deve evitar-se o contacto do cão infetado com outros cães ou com zonas comuns. O efeito do acaricida (ivermectina, selamectina, moxidectina ou milbemicina oxima) começa a notar-se a partir de 1 ou 2 semanas após o início do tratamento4.

    Dermatite atópica

    Os cães atópicos possuem uma barreira cutânea disfuncional, o que a torna mais susceptível à penetração de agentes alergénicos ambientais (que desencadeiam reações de hipersensibilidade de tipo 1) e à perda de água transdérmica (originando xerose cutânea). O prurido é a sua característica principal e este contribui para piorar e tornar o quadro clínico crónico devido às lesões que origina na pele.

    É bastante comum o surgimento concomitante de outras doenças infecciosas cutâneas oportunistas (como a otite externa e a conjuntivite e rinite atópicas). À parte do prurido, outros sinais também relacionados são as alterações no aspecto do pêlo (coloração pela saliva, aspecto baço e sem brilho), lesões na pele e alopécia secundárias ao ato de o animal se coçar, eritema e liquenificação. As lesões observam-se na zona abdominal ventral, axilar, de flexão, interdigital e periorbital. O diagnóstico diferencial inclui a DAPP, reações adversas a alimentos, sarna sarcóptica, infeção por estafilococos, dermatite de contacto, dermatite por picada de insetos, reação cutânea a medicamentos e dermatite por Malassezia.

    tratamento é direcionado ao controlo dos sintomas e das infeções secundárias. Apoquel e cytopoint são os fármacos mais recentes desenvolvidos para o tratamento da dermatite atópica: são muito seguros, eficazes e minimizam as contra-indicações e os efeitos secundários (podendo ser utilizados de forma pontual os corticoides ou as ciclosporinas em caso de surto). O tratamento deverá ser complementado com banhos frequentes e uma dieta adequada que ajude na recuperação e na manutenção da pele lesionada.

    gama de rações dirigida aos cães atópicos criada pela Affinity fornece os nutrientes e elementos necessários para o conseguir: favorecem a integridade da barreira cutânea, a redução do prurido e o controlo das crises atópicas.

    Dermatite por Malassezia

    Malassezia é uma levedura de pastelaria que se encontra nos canais auditivos, nas bolsas anais, na pele interdigital e nas uniões mucocutâneas. Torna-se patogénica quando surge um desequilíbrio entre os mecanismos de reprodução e os que limitam a sua colonização e proliferação. Caracteriza-se por prurido intenso, eritema e secreção gordurosa cm descamação e formação de crostas (fase inicial). Na sua fase crónica surge gordurosa, liquenificação e hiperpigmentação. As lesões observam-se nas orelhas, nos lábios, no focinho, nas patas, na zona ventral do pescoço, nas axilas, na zona ventral do corpo, na zona anal e perianal e na zona intermédia das extremidades5.

    Os cães afetados emanam um odor característico descrito como mofo e humidade. Este quadro pode agravar-se devido a certas patologias adjacentes ou por uma pioderma estafilocócica. O diagnóstico diferencial inclui a atopia, a DAPP, a pioderma superficial e os defeitos na queratinização6Os agentes imidazólicos são eficazes para a tratar mas em casos extensos ou resistentes recomenda-se empregar itriconazol 5 mg/kg/24h) ou ketoconazol a 5-10 mg/kg BID durante 20 dias, em conjunto com dois banhos terapêuticos semanais.

    O tratamento tópico é eficaz por si só em lesões recentes e mais localizadas. Os champôs podem incluir clorhexidina entre 2 % e 4 %, 2 % de miconazol, enilconazol, diclorofeno e agentes queratolíticos/ceroplásticos.

    Fotos: @pedrojaviersancho

    Referências
    QUERALT M,BRAZIS P, FONDATI A, PUIGDEMONT A. DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGA (DAPP) EM CÃO E GATO. CONSULTA DIFUS. VET. 8 – 72 – 99-102; 2003
    KINGA GORTEL DVM. RECOGNIZING PYODERMA: MORE DIFFICULT THAN IT MAY SEEM.  43 (1): 1-18, 2013
     LOEFFLER A, LLOYD DH. WHAT HAS CHANGED IN CANINE PYODERMA? A NARRATIVE REVIEW.
    VET J, VOL. 235 73-78, 2018
     MICHAEL J. PET-RELATED INFECTIONS. AM FAM PHYSICIAN. NOV; 94 (10): 794-802, 2016
    BAJWA J. CANINE MALASSEZIA DERMATITE. CAN VET J. OCT; 58(10): 1119-1121; 2017
    FOSTER AP, FOIL CS. BSAVA MANUAL OF SMALL ANIMAL DERMATOLOGY, 2ND ED (2003)

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