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    Amoxicilina para gatos: Eficácia em feridas cutâneas e abcessos

    Os abcessos e feridas infetadas em gatos são frequentes na prática veterinária. Analisamos os microrganismos mais frequentes neste tipo de infeções e a eficácia da amoxicilina para gatos.

    Na prática veterinária, é frequente chegarem gatos com abcessos ou feridas infetadas como consequência de um trauma ou luta com outro animal. O protocolo habitual consiste em limpar a ferida com água estéril ou solução salina, drenar o abcesso e/ou aplicar um desbridamento cirúrgico para eliminar o tecido desvitalizado.

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    No entanto, também se costuma prescrever um agente antimicrobiano de amplo espetro.

    A resistência aos antimicrobianos

    Existe uma preocupação crescente com a resistência aos antimicrobianos. Um estudo realizado na Universidade de Lisboa1 comprovou que o aumento temporário da resistência aos antimicrobianos e multifármacos pelas bactérias que causam infeção no trato urinário dos gatos cria limitações terapêuticas importantes na medicina veterinária.

    Portanto, recomenda-se usar estes medicamentos com prudência e escolher os de espetro estreito que abranjam os agentes patogénicos existentes. Isto significa que, para minimizar o risco de se desenvolverem bactérias resistentes, é necessário conhecer os agentes patogénicos mais frequentes envolvidos nas feridas e abcessos dos gatos para selecionar a medicação adequada e ajustar a dose.

    Neste sentido, um estudo muito interessante publicado na revista The Canadian Veterinary Journal2 analisou quais eram os microrganismos mais frequentes nos abcessos e feridas dos gatos, avaliando também a eficácia de dois produtos de amoxicilina para gatos administrados por via oral (pasta e suspensão).

    Os microrganismos mais frequentes em feridas cutâneas e abcessos

    O estudo em questão incluiu 122 gatos com feridas na pele ou abcessos que apresentavam lesões identificáveis das quais se podiam recolher amostras para cultura bacteriana. Os investigadores isolaram os microrganismos mais frequentes.

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    As proteobactérias Pasteurellaceae foram as mais frequentes, aparecendo em mais de metade dos casos. Dessa família, a mais frequente foi a Pasteurella multocida, resultado que é coerente com o de outro estudo realizado na Universidade de Yamaguchi3.

    Outras bactérias aeróbias isoladas foram a Corynebacterium spp. e a Enterococcus spp. Os três géneros anaeróbios isolados foram: Prevotella, Fusobacterium e Porphyromonas. O Streptococcus canis foi a espécie predominante na família dos estreptococos. Também foram isolados estafilococos, especificamente Staphylococcus intermedius e outros Staphylococcus spp.

    A eficácia da amoxicilina para gatos

    Os investigadores concluíram que “os organismos que se encontram com maior frequência nos abcessos felinos e nas feridas da pele apresentam um padrão de sensibilidade à amoxicilina muito bom”, já que todos os casos mostraram uma melhoria com o tratamento. Apenas um caso com Bacillus subtilis requereu a alteração do agente antimicrobiano após 7 dias de tratamento e outros quatro casos requereram manutenção do tratamento com amoxicilina por mais de 10 dias.

    Ambos os produtos, tanto a amoxicilina em suspensão como em pasta, mostraram uma eficácia global de 95%, com a administração de 11-22 mg/kg por via oral, duas vezes por dia, durante 7-10 dias. No entanto, com o objetivo de reduzir a dose, um estudo anterior publicado na revista The Veterinary Record4 tinha indicado que a amoxicilina é eficaz no tratamento de infeções felinas quando administrada apenas uma vez por dia em doses de 11 mg/kg, durante 5 dias.

    Em geral, os resultados confirmam as conclusões de outro estudo realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas do Texas5 com uma amostra maior de animais, entre os quais se incluíram 50 gatos. Estes investigadores chegaram à conclusão de que a seleção empírica do fármaco antimicrobiano, com base na espécie e na localização da infeção, continua a ser uma decisão clínica razoável, quando se suspeita da existência de uma infeção anaeróbica, mas não se pode realizar uma cultura anaeróbica que dê informações mais específicas.

    CR Microbiota

    MARQUES C, BELAS A, FRANCO A, ABOIM C, GAMA L T, POMBA C. INCREASE IN ANTIMICROBIAL RESISTANCE AND EMERGENCE OF MAJOR INTERNATIONAL HIGH-RISK CLONAL LINEAGES IN DOGS AND CATS WITH URINARY TRACT INFECTION: 16 YEAR RETROSPECTIVE STUDY. J ANTIMICROB CHEMOTHER. 2018;73(2):377-384.
    ROY J, MESSIER S, LABRECQUE O, COX W R. CLINICAL AND IN VITRO EFFICACY OF AMOXICILLIN AGAINST BACTERIA ASSOCIATED WITH FELINE SKIN WOUNDS AND ABSCESSES. CAN VET J. 2007;48(6):607-611.
    HOSHUYAMA S, KANOE M, AMIMOTO A. ISOLATION OF OBLIGATE AND FACULTATIVE ANAEROBIC BACTERIA FROM FELINE SUBCUTANEOUS ABSCESSES. J VET MED SCI. 1996;58(3):273-274.
    FRANCIS M E, MARSHALL A B, TURNER W T. AMOXYCILLIN: CLINICAL TRIALS IN DOGS AND CATS. VET REC. 1978;102(17):377-380.
    LAWHON S D, TAYLOR A, FAJT V R. FREQUENCY OF RESISTANCE IN OBLIGATE ANAEROBIC BACTERIA ISOLATED FROM DOGS, CATS, AND HORSES TO ANTIMICROBIAL AGENTS. J CLIN MICROBIOL. 2013;51(11):3804–3810.