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    Vermes: cães. Prevenção de infeção subcutânea por filária.

    As filárias são nemátodos parasitas que infetam o tecido subcutâneo e o aparelho cardiorrespiratório dos cães. A infeção pode ter consequências graves para a saúde do animal e, por vezes, chega a ser fatal. 

    Existem dois tipos de filárias que afetam os cães:

    • Dirofilaria Immitis: reside nas artérias pulmonares e no ventrículo direito do coração do hospedeiro. Causa alterações patológicas ao nível do coração (dirofilariose cardiopulmonar). É a espécie mais patogénica.
    • Dirofilaria Repens: reside na pele e afeta a mesma (dirofilariose subcutânea) e pode atingir órgãos internos. Pode ocorrer dirofilariose ocular quando aparecem vermes imaturos ou adultos na conjuntiva ocular periférica ou interna. Esta espécie é responsável pela maioria das infeções zoonóticas na Europa.

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    A dirofilária é transmitida ao cão (e em menor grau ao gato) através da picada de diferentes espécies de mosquitos que se tenham alimentado previamente de um animal infetado em climas quentes.

    Transmissão da Dirofilaria Repens

    Quando um mosquito pica um animal infetado, ingere microfilárias ou larvas do verme, tornando-se portador da doença. No interior do mosquito, as larvas maturam em 2 a 2,5 semanas. Quando o inseto pica um novo cão, transfere-lhe a doença pela saliva. No caso da D. Immitis, as larvas fazem uma longa migração através dos tecidos subcutâneos, serosos e musculares até atingirem as artérias pulmonares e o ventrículo direito do coração.

    As larvas infetadas de D. repens maturam no tecido subcutâneo, sem migrações. Podem encontrar-se vermes adultos entre a hipoderme e o tecido conjuntivo fibroso profundo, às vezes formando nódulos.

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    Quando as larvas atingem a maturidade, as fêmeas libertam microfilárias na corrente sanguínea do animal, onde permanecem até serem recolhidas por um mosquito durante a ingestão de sangue. Deste modo, o ciclo recomeça.

    Sinais da doença

    Em alguns casos, podem observar-se parasitas adultos ou microfilárias na superfície cutânea, em tecidos subcutâneos, na fáscia perimuscular, na gordura perirrenal e, incidentalmente durante uma cirurgia, na cavidade abdominal.

    Prevenção da infeção subcutânea por filária

    Não foi identificado qualquer tratamento eficaz para a D. repens graças ao seu potencial zoonótico. Recomenda-se uma terapêutica sintomática e a extirpação dos nódulos cutâneos. Os tratamentos mensais com lactonas macrocíclicas (como a moxidectina) por via oral ou tópica ou através de um injetável anual um mês antes da estação de risco com as mesmas doses usadas para a D. immitis demonstraram ser eficazes na prevenção da infeção subcutânea com vermes em cães expostos de forma natural a mosquitos transmissores de D. repens. Estes fármacos não impedem a inoculação das larvas infetantes, mas impedem o seu desenvolvimento.

    Foi realizado um estudo (1) a 18 cães de raça beagle (9 machos e 9 fêmeas, com um peso de 12-16 kg) para avaliar a eficácia de uma formulação injetável de microesferas de moxidectina de libertação sustentada (Guardian SR Iniettabile, Fort DodgeR) na prevenção da infeção experimental por Dirofilaria repens em cães infetados.

    Os cães pertencentes ao grupo 1 foram injetados com uma solução salina (0,05 ml/kg) e os do grupo 2 com uma dose de 0,17 mg/kg de moxidectina SR (0,05 ml/kg).

    Passados 6 meses da aplicação do soro ou moxidectina, todos os cães de ambos os grupos foram expostos a 50 larvas de Dirofilaria repens, recolhidas num laboratório de criação. No dia 380 do estudo, os cães foram eutanasiados, aproximadamente 7 meses após a exposição.

    Todos os animais foram autopsiados, comprovando-se a ausência de vermes nos cães do grupo 2 tratados com moxidectina SR. Os cães do grupo 1, aos quais foi injetado soro salino, apresentavam vermes adultos.

    Este estudo experimental comprovou que a moxidectina injetável tem uma eficácia de 100% (pelo menos, durante 6 meses) e que previne a infeção subcutânea com vermes em cães durante a época de transmissão.

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    • GENCHI M, PENGO G, GENCHI C. EFFICACY OF MOXIDECTIN MICROSPHERE SUSTAINED RELEASE FORMULATION FOR THE PREVENTION OF SUBCUTANEOUS FILARIAL (DIROFILARIA REPENS) INFECTION IN DOGS. VET PARASITOL. 2010 MAIO 28;170(1-2):167-9.