VT_Tematica_Medicina felina_detail.jpeg.jpg VT_Tematica_Medicina felina_detail.jpeg.jpg
  • Tempo de leitura: 5 mins

    Piometra em gatos

    A piometra é mais frequente em gatos de idade avançada, sobretudo a partir dos 8 anos ou, de igual forma, em gatas que receberam terapias prévias com estrogénios ou progestogénios.

    Ainda que se tenham observado casos quer em cadelas quer em gatas, nestas últimas é menos frequente. Esta diferença pode ser explicada devido ao facto de a gata necessitar de ser coberta para ovular, e começar assim a fase progestogénica do ciclo, ou porque as gatas são ovário-histerectomizadas com mais frequência.

    Research Report: Gatos Esterilizados → Descarregue gratis Analisamos necessidades energéticas de gatos esterilizados e tecnicas para  prevenir a obesidade

    Como identificá-la?

    Ainda que a sintomatologia da piometra na gata possa ser variada, de forma habitual observamos uma descarga de mucosa vaginal com fluxo de características sobretudo mucosas, purulentas ou muco-hemorrágicas. Esta descarga deve-se sobretudo à abertura do pescoço da matriz uterina, e costuma ocorrer cerca de 4 semanas após o cio. Ainda assim, por vezes podem surgir sinais clínicos sistémicos como febre, vómitos, diarreia, poliúria/polidipsia (em contexto de diabetes insípida nefrogénica de origem tóxico-metabólica) ou até manifestações neurológicas como letargia, falta de apetite, etc.

    Ainda que menos frequentemente, por vezes o pescoço da matriz uterina encontra-se fechado, originando distensão abdominal com possibilidade de rotura da parede da matriz. Esta complicação relativamente frequente implica uma maior gravidade que pode, inclusive, derivar em choque séptico-hipovolémico (azotemia pré-renal, desidratação, coma, alteração da regulação da temperatura corporal).

    Qual o seu tratamento?

    Atualmente, o tratamento de eleição para a piometra é a cirurgia, mais concretamente a ovariohisterectomia. Ainda assim, é necessário avaliar previamente a situação clínica da gata e instaurar de forma precoce tratamento de suporte (terapia de fluidos, antibióticos de amplo espectro). Um dado muito importante é o facto de se tratar de uma infeção oportunista num endométrio modificado, pelo que a sua resolução unicamente através de antibióticos é muito difícil e a cirurgia é a principal arma terapêutica.

    Nalguns casos, não é possível uma abordagem cirúrgica (por exemplo, se existir um interesse especial na reprodução), mas podemos adicionar à terapia antibiótica um tratamento com prostaglandinas F2 (que produzem um aumento da contratibilidade uterina, relaxamento do pescoço do útero e inibição da taxa de progesterona) em doses de de 0,1-0,25 mg/kg/12-24 h durante 3-5 dias (até que o útero tenha sido esvaziado). De relembrar que a terapia médica é contra-indicada em animais muito idosos (8 ou 9 anos) ou muito debilitados, com o colo do útero fechado (perigo de ruptura da matriz) ou com gestação a decorrer (risco de aborto).

    Qual o prognóstico ao iniciarmos o tratamento?

    Os casos pouco complicados apresentam um bom prognóstico após a cirurgia. No entanto, o prognóstico torna-se reservado quando existem complicações, sendo de destacar a ruptura da matriz com peritonite associada que pode derivar num compromisso hemodinâmico. Nestes casos, a terapia antibiótica deve prolongar-se por pelo menos 10 dias após a cirurgia.

    Ainda que a cirurgia continue a ser a terapia de eleição, nalguns casos de tratamento médico de gatas com o pescoço da matriz aberto, a remissão está calculada em cerca de 100%, com 80% de fertilidade. No entanto, é necessário ter em conta que existe uma grande possibilidade de a piometra reapareça numa gata tratada com prostaglandinas.

    É possível preveni-la?

    A esterilização prévia da gata constitui o principal factor preventivo da patologia. Uma gata esterilizada com um adequado estado de saúde irá dispor de um sistema imunitário com maior capacidade para enfrentar infeções oportunistas, pelo que é primordial assegurar a saúde da gata através de uma correta alimentação adaptada às necessidades do animal esterilizado, cuidados de higiene e revisões de rotina por parte de especialistas.

    Nuevo llamado a la acción
    BOURSIER J, BASSANINO J, LEPERLIER D. EFFECTIVENESS OF A BIPOLAR VESSEL SEALANT DEVICE FOR OVARIOHYSTERECTOMY IN CATS WITH PYOMETRA. JOURNAL OF FELINE MEDICINE AND SURGERY. 2018; 1098612X1775258.