FELV gatos: características da ressonância magnética
FELV gatos: Tipos de linfoma
Crê-se que a elevada incidência de linfoma em gatos está relacionada com o alto índice de felinos infetados pelo vírus da leucemia e pelo da imunodeficiência felinas.
A apresentação clínica e os sintomas manifestados num linfoma, bem como o seu prognóstico e o seu tratamento, dependem em grande medida da localização do tumor. De grosso modo, os linfomas dividem-se anatomicamente em linfoma mediastínico (timo), linfoma gastrointestinal (focal ou difuso) e extranodal (quando afeta zonas diferentes do mediastino ou do sistema gastrointestinal, por exemplo no sistema nervoso central, nos rins ou na pele).
No linfoma do sistema nervoso central, quer a medula espinal quer o cérebro podem ser afetados. Um tipo especialmente frequente é o linfoma epidural em gatos positivos para leucemia felina. O linfoma cerebral pode originar convulsões, cegueira, que o animal ande em círculos, hiperestesia ou agressividade. No linfoma espinal a paralisia posterior e bilateral é o sintoma mais frequente.
Utilização da ressonância magnética como método de diagnóstico
Atualmente, dispomos de vários métodos de diagnóstico que nos ajudam a chegar a detetar com certeza a presença de um linfoma. O protocolo deverá englobar, além de incluir um historial completo do animal e um exame físico exaustivo, exames de rotina que podem ser efetuados por qualquer veterinário; são eles o hemograma e exame bioquímico sanguíneo, urianálise, teste de FELV/FIV em gatos e exames de imagiologia (radiografias, ecografias) que localizem o tumor.
No caso dos linfomas localizados no sistema nervoso central, estes exames de imagiologia não são capazes de nos fornecer informação suficiente, pelo que deveremos recorrer a aparelhos de imagem que nos proporcionem mais detalhes, como a Ressonância Magnética ou a Tomografia Axial Computorizada (TAC). Felizmente, cada vez existem mais tipos de exames no campo da medicina veterinária, o que proporciona exames mais simples de realizar e mais económicos para os donos.
Neste estudo descrevem-se as características observadas nas imagens de ressonância magnética realizadas em oito cães e quatro gatos, que possuíam linfoma no sistema nervoso central. As lesões afetavam as estruturas rostrotentoriais em seis cães e caudotentoriais em dois gatos. Nos outros dois cães e nos restantes dois gatos, as lesões afetavam a medula espinal. Um cão e um gato, além da lesão intracraneal, apresentavam sinais de extensão extracraneal e de linfadenopatia. Estas lesões foram descritas como extra-parênquima em quatro cães e em três gatos, intra-parênquima em dois cães e num gato, e intra-parênquima em dois cães.
Em relação à sua intensidade nas imagens, podemos resumir as características dos linfomas do estudo da seguinte forma:
Comparadas com a matéria branca:
- Todas as lesões hiper-intensas em T12
- Sete de doze lesões hipo-intensas em T1
- Cinco de nove lesões hiper-intensas em imagens flair
Quando comparadas com a matéria cinzenta:
- Em T2
- Cinco de doze eram iso-intensas
- Sete de doze eram hiper-intensas
- Em T1
- Seis de doze eram hipo-intensas
- Em imagens Flair:
- Sete de nove foram iso-intensas
Em relação às margens das lesões, dez de doze eram indistinguíveis em imagens T2, e nas imagens Flair sete de nove delas apresentavam intensidade perilesional. A maioria das lesões (dez em doze) apresentavam meninges anormais à volta da lesão, e metade delas manifestavam um aumento de contraste generalizado.
Para concluir, combinada com um historial clínico do paciente, a ressonância magnética pode ser extremamente útil na hora de localizar um linfoma, por forma a podermos confirmar o seu diagnóstico através de citologia e histopatologia.