Conjuntivite canina: citologia córneo-conjuntival no diagnóstico
A conjuntivite pode afetar um ou ambos olhos. As causas mais comuns da conjuntivite são:
- Infeções virais.
- Transtornos imunitários: conjuntivite alérgica (atopia ou alergias sazonais), conjuntivite de células plasmáticas e pênfigo.
- Tumores nas pálpebras e na conjuntiva.
- Condições relacionadas com a raça (como epiescleritis nodular).
- Deficiência da membrana lacrimal.
- As anomalias da pálpebra: entrópio ou ectrópio.
- Transtornos das pestanas: distiquíase e cílios ectópicos.
- Os ductos nasolacrimais obstruídos.
- Traumatismo no olho ou irritação devido a corpos estranhos ou a contaminantes ambientais.
- Outros transtornos oculares: queratite ulcerosa, uveíte anterior ou glaucoma.
Diagnóstico da conjuntivite canina
Identificar a causa da inflamação conjuntival no cão será chave para um tratamento adequado. Deverá determinar-se se a conjuntivite é um problema primário ou secundário, se existem danos no olho e doença adicional, se afeta a esclera do olho e se a infeção é alérgica, viral ou bacteriana.
Para diferenciar estas condições, deverá realizar-se um exame oftalmológico completo e detalhado. Os métodos de laboratório mais habitualmente utilizados e clinicamente relevantes para a avaliação de amostras conjuntivais são: exame microscópico de preparações citológicas, cultura e testes de suscetibilidade, isolamento do vírus vivo, reação em cadeia da polimerase, exame de antígeno e exame histopatológico para biópsias de corte.
Neste artículo centrar-nos-emos na citologia córneo-conjuntival como ajuda no diagnóstico.
Citologia córneo-conjuntival como ajuda no diagnóstico da conjuntivite canina
Com a realização da citologia pode-se chegar ao diagnóstico patológico de uma forma rápida e simples. Este exame deverá ser complementado com outras técnicas de diagnóstico laboratorial como culturas e identificação de germe, etc.
Para a recolha da amostra não se aconselha a utilização de anestésicos locais, devido ao facto de conter produtos bacteriostáticos ou antisépticos que desvirtuam os resultados. Como procedimento, realiza-se uma eversão manual das pálpebras para evitar a contaminação com o mesmo. Pode empregar-se a face posterior de uma folha de bisturi, um hissopo esterilizado ou uma escova para citologia. Com o instrumento selecionado, esfrega-se suavemente o fórnix córneo-conjuntival entre a terceira pálpebra e a córnea, ou sobre a córnea.
Uma vez obtida a amostra, extende-se sobre um slide de vidro e deixa-se secar ao ar. Após a extensão estar seca, fixa-se com álcool metílico a 5% durante 5 minutos, e posteriormente leva-se a cabo a coloração de Giemsa.
De seguida, realiza-se a observação microscópica com objetivos de imersão (1000 aumentos). Faz-se um recorrido da zona, diferenciando as células ou elementos que mais saltam à vista.
Uma raspagem conjuntival de um cão sem patologia conjuntival apresentará apenas células epiteliais e muco. A presença de organismos estranhos e/ou de células inflamatórias indica patologia. As células inflamatórias mais frequentes são: linfócitos, monócitos, células plasmáticas e neutrófilos.
Nas conjuntivites de natureza viral predominam os linfócitos e os monócitos, nas conjuntivites bacterianas os neutrófilos, nas conjuntivites por clamídias (gatos) predominam os neutrófilos e observam-se inclusões intracitoplasmáticas basófilas e nas conjuntivites alérgicaspredominam os eosinófilos, os basófilos e os neutrófilos.
Tratamento da conjuntivite canina
Pode incluir medicamentos tópicos e orais, ou sistémicos. É comum a prescrição de pomadas e soluções tópicas de gentamicina, tobramicina, cloranfenicol, oxitetraciclina, ciprofloxacina ou triplo antibiótico oftálmico. Nalguns casos também se administram medicamentos que contêm agentes anti-inflamatórios como a prednisolona oftálmica ou a dexametasona. Os cães com anormalidades de pálpebras ou pestanas requerem correção cirúrgica.