Neoplasmas da terceira pálpebra em cães e gatos
Neoplasma da terceira pálpebra: em que consiste?
A terceira pálpebra, também denominada membrana nictante, é um tecido localizado em torno da córnea, da conjuntiva e da membrana mucosa. Uma das suas funções é a de proteger o globo ocular de objetos estranhos e de traumatismos, bem como o de segregar um líquido com propriedades anti-sépticas. Em condições normais, a terceira pálpebra não é visível em animais saudáveis, mas pode chegar a cobrir metade do olho em animais doentes.
Causas do neoplasma da terceira pálpebra
Entre as causas que originam a visibilidade da terceira pálpebra, contam-se a conjuntivite, a desidratação, feridas ou corpos estranhos, síndrome de Haw ou neoplasias. A incidência das neoplasias oculares é muito baixa mas, dada a sua localização numa zona delicada, será necessário que tanto o diagnóstico como o tratamento sejam precoces e céleres. Os tumores na conjuntiva caracterizam-se por serem localmente expansivos, bem como por reaparecerem no caso de a excisão cirúrgica não ter sido suficientemente ampla. No caso da terceira pálpebra os melanomas são frequentes, com tendência a serem malignos, e a extensão da sua metástase é também usual. Os cães em idades avançadas e de raças de grande porte apresentam uma predisposição acentuada. Além do anteriormente descrito, observaram-se carcinomas de células escamosas, angioendoteliomatose, mastocitomas, papilomas, hemangiomas, hemangiossarcomas, linfossarcomas e histiocitomas.
De forma esporádica, a terceira pálpebra pode ser afetada pela extensão de neoplasias que afetam a sua glândula, principalmente os adenocarcinomas. Tratam-se de neoplasias sólidas que emergem da conjuntiva ventromedial da base da membrana nictante. O tratamento mais adequado será a eliminação cirúrgica completa da membrana nictante. Nesta zona, podemos igualmente encontrar o tumor transmissível e venéreo em forma de lesão multilobular avermelhada, que reage ao tratamento com vincristina. No caso do gato, os tumores mais presentes na conjuntiva são os melanomas, que são potencialmente agressivos a nível sistémico; o linfoma e o carcinoma de células escamosas, que geralmente afetam a conjuntiva por invasão através dos párpados. Apresentamos-lhe, de forma breve, um estudo retrospectivo (1) que descreve os diferentes tipos de neoplasias primárias que afetam a glândula da terceira pálpebra (TEL, third eye em Inglês) em cães e gatos. As conclusões do estudo foram que o adenocarcinoma constitui o tumor mais comum da glândula TEL em cães e gatos. Além disso, também se verificou que nos gatos os tempos de sobrevivência foram menores, e que as taxas de recorrência e de ocorrência de metástase aparentam ser mais altas quando comparadas com o diagnóstico efetuado aos cães. O segundo e terceiro tumor mais frequentemente observado foi o adenoma e o carcinoma de células escamosas, respectivamente.
Abordagem terapêutica
Geralmente, a grande maioria dos tumores conjuntivais deverão ser identificados, na medida do possível, através da aspiração com agulha fina, para que depois seja possível tratá-los com recurso à cirurgia, e efetuando uma excisão cirúrgica ampla para conseguir margens livres de risco. Como técnicas auxiliadoras neste processo, podemos referir tratamentos locais como a crioterapia, o laser diodo, o laser CO2 ou a radioterapia. Para mais informações, poderá aceder à plataforma interativa e-learning clicando aqui. Dees DD, Schobert CS, Dubielzig RR, et al. Neoplasmas da terceira pálpebra em cães e gatos: um estudo retrospectivo histopatológico de 145 casos. Vet Ophthalmol 2015