Doenças de pele em gatos: breve descrição
A Xantomatose é uma doença caracterizada por lesões pápula-nodulares cutâneas, que podem ser normolipémicos idiopáticos ou dislipémicos, em gatos com metabolismo lipídico anormal. É produzida por um defeito genético primário ou alguma alteração metabólica, como a hiperlipidemia, a diabetes mellitus, induzidos por acetato de megestrol ou pelas dietas ricas em gorduras, causando formação de vários xantomas. Surge prurido, raramente dor e as pápulas estão rodeadas de um halo eritematoso. Localizam-se nos extremos distais, na cabeça e nas proeminências ósseas.
Xantomatose cutânea
O tratamento desta infeção consiste no controlo da causa que induz a anomalia do metabolismo dos lípidos. Nos gatos com diabetes mellitus, induzida por acetato de megestrol, o desaparecimento progressivo das lesões dá-se ao retirar o fármaco. Se for idiopático, aplica-se terapia tópica com imunomoduladores.
Demodicose
A demodicose é uma infeção cutânea parasitária causada pelos ácaros demodex, sendo duas as espécies que podem afetar os gatos:
- Demodex cati. Encontra-se geralmente dentro dos folículos pilosos. Não é contagiosa e não se propaga entre gatos.
As lesões dérmicas tendem a localizar-se na cabeça, na orelha, no pescoço e nos párpados com crostas, alopecia e surgimento de uma dermatite miliar. Também podem surgir pústulas, pápulas e seborreia. A infeção pode apresentar-se como uma otite, identificando-se os ácaros no canal do ouvido. Estes gatos costumam ter uma doença metabólica subjacente ou estarem imunocomprometidos.
O tratamento irá depender da identificação e da causa subjacente da imunossupressão (se for o caso). Administram-se antibióticos para tratar infeções bacterianas secundárias da pele e medicamentos para eliminar os ácaros demodex com terapias tópicas (imersão com sulfureto de cal), medicamentos orais (milbemicina ou ivermectina).
- Demodex gatoi. Na superfície da pele. Contagioso para outros gatos.
Infeção normalmente prurítica, com alopecia em extremidades e flancos. Costuma ser simétrica. Os gatos também podem apresentar excoriações, hiperpigmentação e descamação.
O tratamento deverá englobar todos os gatos presentes no lar. A terapia será similar à de D. Cati.
Dermatofitose
A tinha ou dermatofitose é uma doença cutânea fúngica dos gatos, na maioria dos casos causada por infeção por Microsporum canis. É infecciosa e contagiosa.
A dermatofitose causa sinais não específicos de alopecia, eritema e descamação, o que o converte num diagnóstico diferencial para muitas doenças de pele dos gatos.
O tratamento deverá combinar uma terapia sistémica e tópica. Requer o uso de um medicamento antimicótico sistémico (itraconazol ou terbinafina) e antifúngico tópico, como: imersões em sulfureto de cal, creme de miconazol, solução de enilconazol ou champô de miconazol e clorhexidina.
Leishmaniose
Provocada pelo protozoário parasita Leishmania, a leishmaniose causa dois tipos de doenças nos gatos: reação cutânea (hiperqueratose, alopecia, nódulos) e reação visceral (órgãos da cavidade abdominal). Suspeita-se que a maioria dos gatos que desenvolvem sinais clínicos possuem problemas imunológicos devido a infeções concomitantes (como VLFe) doenças (neoplasia, diabetes mellitus, doença autoimune) ou tratamento imunossupressor.
Os fármacos utilizados empiricamente em gatos são o alopurinol e antimoniato de meglumina. No entanto, o tratamento não elimina a infeção e os sinais clínicos podem reaparecer. Não existe vacina contra a leishmaniose disponível para os gatos. Os ectoparasiticidas repelentes à base de permetrinas são tóxicos para os pequenos felinos.
Lesões granuloma-piogranulomatosas estéreis
Doenças nas quais as lesões primárias ou massas de tecido são sólidas, elevadas e têm mais de um centímetro de diâmetro. Estes nódulos costumam ser o resultado de uma infiltração de células inflamatórias na pele e ser uma reação a estímulos internos ou externos. Incluem-se dois tipos: dermatofibrose nodular, calcinose cutis e histiocitose maligna.
O medicamento irá depender do diagnóstico e condição do gato. Será necessário realizar análise de sangue e de urina a cada seis meses se se administrarem glicocorticoides a longo prazo. Se o animal tomar dimetilsulfóxido para a calcinose cutis, deverá efetuar-se a análise de sangue a cada 1-2 semanas por forma a controlar os níveis de cálcio.