Comprimidos de desparasitação interna nos cães: uma forma de proteger
Os parasitas externos são um dos principais inimigos da saúde canina. Podem causar lesões cutâneas que podem infetar, provocar processos alérgicos ou até transmitir doenças graves. As pulgas são um dos parasitas externos mais comuns e podem transmitir desde bactérias e organismos protozoários até vírus e lombrigas, das quais são hospedeiras.
Nalguns casos, quando são muito numerosas, podem até causar anemiajá que estes parasitas se alimentam do sangue do animal. Os comprimidos para desparasitação interna nos cães constituem uma boa alternativa para a eliminação deste problema.
De que forma atuam os comprimidos de desparasitação interna nos cães?
O princípio ativo dos comprimidos de desparasitação interna para cães chega ao sistema digestivo, onde é absorvido e posteriormente penetra na corrente sanguínea. Após isso, distribui-se através dos tecidos até chegar aos parasitas.
O Comfortis, por exemplo, quebra o ciclo de vida das pulgas já que as elimina antes que as mesmas consigam pôr mais ovos, sendo uma solução eficaz para lutar contra estes parasitas. Ainda assim, é necessário ter em conta que as pulgas podem persistir apesar da administração, se no meio envolvente ainda se encontrarem crisálidas prontas para eclodir.
Apesar disso, um estudo publicado na revista Veterinary Records constatou uma redução das pulgas em 97% durante os primeiros 14 e 30 dias em lares muito afetados onde viviam cães que tinham sido tratados com Spinosad, o princípio ativo do Comfortis. Entre os 60 e 90 dias posteriores, o número já tinha diminuído para 99,6%.
Este medicamento, composto por espinosina A e D, possui um mecanismo inseticida muito interessante, já que provoca um estado de hiper-excitação do sistema nervoso dos parasitas que desencadeia contrações musculares, tremores, paralisia e finalmente a morte.
Outro medicamento de desparasitação interna para cães é o Trifexis, uma associação de spinosad e milbemicina oxima, que é utilizado para tratar tanto as infeções por ectoparasitas (pulgas) como por nemátodos intestinais. Um estudo publicado na revista Veterinary Parasitology analisou a sua eficácia: a eficácia contra pulgas foi de 98,97%, e de 98,57% contra todos os tipos de nemátodos.
Quando é que o princípio ativo começa a atuar?
Um estudo publicado na revista Veterinary Parasitology analisou a eficácia dos comprimidos de Comfortis para a eliminação das pulgas nos cães. As contagens revelaram que após meia hora o seu número se tinha reduzido em cerca de 53,7%, ao fim de uma hora para 64,2%, ao fim de duas horas para 85,8% e entre as 4 e 8 horas posteriores à ingestão a redução alcançou os 100%. Também se verificou a sua eficácia para a redução da produção de ovos de pulga, e não se observaram resíduos de pele e de pêlo dos animais tratados.
Sabe-se que o organismo do animal absorve rapidamente as espinosinas A e D, com uma biodisponibilidade por administração oral de cerca de 70%. Ainda assim, os comprimidos de desparasitação interna devem ser administrados com alimento, ou logo após o animal ter comido já que desta forma aumenta a possibilidade de as pulgas ingerirem quantidades letais do fármaco. A eficácia do spinosad é reduzida quando é administrado com o estômago vazio.
Com que periodicidade deve ser administrado?
A proteção fornecida pelos comprimidos de desparasitação interna para cães costuma durar entre 1 e 2 meses. Mas a frequência de administração irá depender de vários fatores que determinam o risco de contágio, como a idade do cão, a zona onde vive e o seu estilo de vida. Por exemplo, nas zonas rurais o risco de contrair parasitas externos é mais elevado do que nas cidades. Durante o inverno o risco também diminui, pelo que se pode administrar o fármaco a cada três meses, mas no verão o risco volta a aumentar. Os comprimidos de desparasitação interna à base de spinosad costumam assegurar uma proteção mensal.
Quais são as reações adversas?
Regra geral, não se recomenda administrar comprimidos de desparasitação interna a cães doentes nem a cachorros muito jovens. O spinosad não é recomendado para cães com menos de 14 semanas e deve-se usar com extrema precaução nos cães que sofrem de epilepsia.
A reação adversa mais frequente é o vómito, geralmente durante as 48 horas posteriores à ingestão, o que se deve à sua ação local sobre o intestino delgado. Geralmente, são vómitos leves e temporários que não exigem tratamento. A letargia, diarreia, ataxia e as crises epilépticas são outros dos efeitos adversos, ainda que menos frequentes.
O seu efeito nas cadelas gestantes ainda não foi estudado de forma suficiente, ainda que se saiba que este princípio ativo é excretado no colostro e no leite materno durante a amamentação, pelo que é importante avaliar a relação risco/benefício antes de recomendar a sua utilização durante estes períodos.
