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    Colapso traqueal em cães e endoprótese de ninitol auto-expansível

    No colapso traqueal em cães a abordagem conservadora é eficaz em 71% dos casos, e as intervenções baseiam-se em diminuir os fatores de risco que tendem a estreitar a luz da via aérea, por forma a prevenir a aparição de sintomatologia. Os objetivos são: manter o peso do cão dentro dos valores recomendados (para evitar a obesidade), diminuir a inflamação (com corticoides) e a resistência (broncodilatadores) da via aérea, controlar a excitabilidade (com tranquilizantes se for necessário) e evitar a tosse (com antitussígenos).

     

    Outras doenças subjacentes tais como a insuficiência mitral, a broncopneumonia e o hiperadrenocorticismo podem exacerbar o quadro clínico.

    Quando as medidas conservadoras não são suficientes para controlar a sintomatologia, deverá realizar-se um tratamento invasivo para corrigir a oclusão.

    Descarregue GRÁTIS → Clinical Report Micobiota e Obesidade

    O stent auto-expansível de ninitol é uma das alternativas de tratamento, e trata-se de uma endoprótese colocada no espaço intra-luminal traqueal, caracterizada pela sua grande elasticidade e a sua adaptabilidade. Para avaliar os resultados a longo prazo associados ao uso de endopróteses de ninitol, bem como para identificar as complicações associadas, realizou-se um estudo retrospectivo de 12 casos documentados entre dezembro de 2001 e agosto de 2004.

    A sobrevivência depois da intervenção foi de 1 a 48 meses (pós intervenção: 3 cães faleceram aos 6 meses, 9 sobreviveram mais de 1 ano e 7 sobreviveram mais de 2 anos). A maioria das mortes deveram-se à progressão da doença traqueal. Uma das complicações em relação ao dispositivo foi a ruptura da endoprótese que se deu em 5 dos 12 casos. A maioria das fraturas produziram-se à altura da zona cervical e da abertura torácica superior, que são zonas com um elevado grau de mobilidade. Este não foi um resultado esperado, já que os stents de ninitol realizam um retrocesso elástico como resposta ao stress, podendo suportar alterações de até 10%, e voltar à sua forma original.

    Uma característica das endopróteses auto-expansíveis é que tendem a reduzir o seu tamanho com o passar do tempo, à medida que se adaptam ao seu diâmetro máximo,podendo deixar a descoberto uma zona mais estreita. Este fenómeno ocorreu em dois dos cães do estudo, e supôs um regresso da sintomatologia. Estes dispositivos, além disso, são concebidos para serem integrados no tecido da mucosao que em parte proporciona uma maior fixação, por outra dificulta a função dos cílios da mucosa traqueal, o que incrementa o risco de infeções respiratórias. A traqueíte é uma das patologias que surgem com maior frequência após a inserção das endopróteses auto-expansíveis. 

    A longo prazo também podem surgir granulomas, associados ao aumento da fricção na zona. Dois dos cães do estudo foram tratados com corticoides pela aparição de granulomas, respondendo bem ao tratamento.  Nos cães que não desenvolveram nenhuma complicação, melhorou consideravelmente a função respiratória, pelo que a aplicação da endoprótese de ninitol é um procedimento indicado no colapso traqueal que melhora a qualidade de vida do animal durante meses ou anos.

    Guia GI Parte 2